quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Príncipe Encantado


O que nos faz sempre idealizar? Poderíamos falar que se considerássemos algo perfeito, satisfatório ou bom o suficiente para nós, não teríamos motivos para não nos apegarmos, nos dedicarmos ou nos envolvermos o suficiente? E mais, poderíamos pensar que o ser humano usa essa insatisfação como mecanismo de defesa para não se envolver profundamente nas relações, evitando assim o possível sofrimento da perda. É como se disséssemos: “não posso me envolver e me apegar a essa relação tanto assim porque, afinal, ela não me satisfaz totalmente”.  
Uma vez li uma entrevista de uma psicóloga que desenvolvia um trabalho de preparação para a “despedida” de familiares de pacientes terminais. Ela contava o caso de um marido que se preparava para se despedir de sua esposa e ele dizia que era muito difícil, após tantos anos de uma “relação maravilhosa” abrir mão dela e viver esse luto antecipadamente. Talvez esse seja o grande temor: a perda da felicidade alcançada com o encontro da relação perfeita.

Se nos entregamos sem restrições, sem condições e sem limitações, corremos o risco de nos tornarmos vulneráveis, caso venhamos a perder o ser amado.
A sociedade cria os mitos que depois a “devora”. Marina Colassanti, no livro “E Por Falar em Amor”, fala sobre o amor mágico, redentor e que virá para nos salvar e diz que “essa fantasia” é mais do universo feminino, o que me parece ter a ver com a questão cultural, já que a sociedade prepara suas mulheres para esse príncipe encantado, o que não acontece, geralmente, com o homem. Será que a idealização nas relações tem bases culturais?  Food for though...

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

É possível realizar o amor ideal?

Woody Allen, em seu filme “Vicky Cristina Barcelona”, diz que: “... ela sabia o que não queria e seguia na sua busca, uma busca do que não sabia... ”e mais, que: ...” o amor romântico é o amor não realizado”... No filme ele aborda como os padrões e modelos de felicidade, realização e sucesso são criados e disseminados pela sociedade essencialmente sonhadora e romântica.

Na vida real existem muitas variáveis intervenientes, sob as quais não temos controle, o que gera insatisfação e frustração.
Será justo esperar algo do parceiro, já que ele nunca vai ser exatamente o que você espera, pois, por mais que ele se esforce, o ser ideal está dentro de você?  
Será o príncipe encantado (ou a mulher ideal) só uma fantasia alimentada durante anos por você e pela sociedade? Sociedade essa onde todos os personagens são perfeitos, com suas vidas perfeitas, sempre com a garantia de um final feliz.
É possível encontrarmos seres perfeitos aos nossos olhos? Será que alguém conseguiria saber que frases (que já formulamos) gostaríamos de ouvir em determinadas circunstâncias, as cenas que gostaríamos de viver (elaboradas com perfeição por nós, perfeitos roteiristas), os presentes que nos emocionariam, as palavras que nos consolariam, as atitudes que deveriam ter, como gostaríamos de ser tocados naquele momento?
Será que se nós fizéssemos tudo o que imaginamos ser o ideal o outro se sentiria feliz e realizado conosco, fazendo com que fossemos considerados perfeitos?
Por que essa constante sensação de que ainda não chegamos lá, mas quando tal coisa acontecer, tal situação se concretizar... aí sim seremos felizes, plenos e realizados ? Por que esse momento nunca chega?
A busca por um relacionamento ideal passaria pela eterna busca inerente ao ser humano?
A relação ideal, a família ideal, o emprego ideal, a casa ideal, a aparência ideal, o salário ideal, dentre tantas outras situações, tudo passa pelo campo do possível e inatingível e tudo é condicional.
To be continued... 




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